A Perspetiva dos Médicos Portugueses sobre a Reestruturação da Carreira Médica: Um Estudo Transversal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.22971Palavras-chave:
Inquéritos e Questionários, Médicos, Motivação, Portugal, Programas Nacionais de Saúde, Satisfação ProfissionalResumo
Introdução: A carreira médica (CM) tem sido, em Portugal, um pilar e uma garantia de qualidade na organização e prestação de cuidados de saúde.
Atualmente, é constituída por dois graus e três categorias, sendo a progressão possível mediante duas formas, ambas relacionadas com o sistema
remuneratório. No entanto, assistimos hoje a uma preocupante estagnação da progressão na carreira dos médicos em Portugal. O presente estudo teve
como objetivo principal avaliar a perceção, opinião, e desafios relacionados com a CM em Portugal.
Métodos: Foi aplicado um questionário aos médicos registados na Ordem dos Médicos de Portugal (n = 61 317), entre dezembro de 2024 e janeiro de
2025. Foram realizadas análises quantitativa e qualitativa.
Resultados: Foi obtida uma taxa de resposta de 9,36%. A maioria dos médicos apresentou idades compreendidas entre os 30 e 40 anos, era mulher,
pertencia à categoria de assistente graduado, trabalhava no setor público e na área hospitalar. Foi consensual a relação entre a CM e a qualidade dos
cuidados de saúde (91,45%), a necessidade de reestruturação da CM (87,57%), a integração do internato médico na CM (92,58%), a transversalidade
da CM, independentemente do setor de atividade (78,1%) e a associação da progressão na CM à progressão remuneratória (95,86%). A maioria dos
médicos considerou que a CM deveria ter mais graus (55,63%).
Conclusão: Os resultados suportam a perceção da importância da CM para a qualidade dos cuidados prestados. Destaca-se o consenso entre os médicos
sobre a necessidade de reestruturação da CM, com propostas como a reintegração do internato médico e a criação de novos graus técnico-científicos.
Embora a maioria dos médicos que responderam ao questionário trabalhe no setor público, o consenso sobre a transversalidade da CM entre os vários setores foi evidente. Contudo, a concretização desta transversalidade revela-se um desafio, especialmente quando combinada com a opinião consensual de que a progressão na carreira deve implicar sempre uma progressão remuneratória, crucial para o reconhecimento do trabalho médico.
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