Recomendações Nacionais de Consenso para o Diagnóstico e Tratamento da Miastenia Gravis
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.24089Palavras-chave:
Consenso, Miastenia Gravis/diagnóstico, Miastenia Gravis/tratamento farmacológicoResumo
A miastenia gravis é uma doença autoimune da junção neuromuscular, cuja fisiopatologia consiste na produção de anticorpos patogénicos, mais frequentemente dirigidos contra o recetor nicotínico da acetilcolina e, mais raramente, contra a cinase específica do músculo. Outros elementos fisiopatológicos importantes incluem a cascata do complemento e as linhagens linfocitárias B e T. O diagnóstico assenta em fraqueza muscular fatigável, que pode afetar diversos grupos musculares, de forma isolada ou em combinações variáveis. A deteção sérica de anticorpos patogénicos e/ou a realização de estudos neurofisiológicos são também essenciais para o diagnóstico. O tratamento de manutenção baseia-se tradicionalmente na corticoterapia e em imunossupressores não esteroides. Recentemente, têm surgido várias opções terapêuticas promissoras, como os inibidores da porção terminal do complemento ou os antagonistas do recetor Fc neonatal, que estão a transformar o cenário terapêutico da miastenia gravis, apoiados por evidência robusta de eficácia e segurança. Apesar da publicação de diversas recomendações internacionais ao longo da última década, existem várias questões importantes que carecem de orientações detalhadas. As presentes recomendações foram elaboradas por um grupo de nove especialistas da Sociedade Portuguesa de Estudos de Doenças Neuromusculares e são as primeiras recomendações portuguesas dirigidas à miastenia gravis. Nestas recomendações, produzidas por consenso e baseadas na evidência e na prática clínica, procura-se uniformizar a avaliação dos doentes com miastenia gravis, fornecer orientações concretas para a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de miastenia gravis e apoiar as decisões referentes ao tratamento. Entre as principais novidades destas recomendações destacam-se: propostas de marcha diagnóstica e de critérios de diagnóstico, recomendações sobre instrumentos de avaliação da resposta terapêutica, posicionamento dos novos imunossupressores e algoritmos terapêuticos adaptados ao serogrupo e à gravidade clínica.
Downloads
Referências
Santos E, Coutinho E, Moreira I, Silva AM, Lopes D, Costa H, et al. Epidemiology of myasthenia gravis in Northern Portugal: frequency estimates and clinical epidemiological distribution of cases. Muscle Nerve. 2016;54:413-21.
Evoli A, Alboini PE, Damato V, Iorio R, Provenzano C, Bartoccioni E, et al. Myasthenia gravis with antibodies to MuSK: an update. Ann N Y Acad Sci. 2018;1412:82-9.
Gilhus NE, Tzartos S, Evoli A, Palace J, Burns TM, Verschuuren JJ. Myasthenia gravis. Nat Rev Dis Primers. 2019;5:30.
Gilhus NE, Andersen H, Andersen LK, Boldingh M, Laakso S, Leopoldsdottir MO, et al. Generalized myasthenia gravis with acetylcholine receptor antibodies: a guidance for treatment. Eur J Neurol. 2024;31:e16229.
Wiendl H, Abicht A, Chan A, Della Marina A, Hagenacker T, Hekmat K, et al. Guideline for the management of myasthenic syndromes. Ther Adv Neurol Disord. 2023:16:17562864231213240.
Jacob S, Farrugia ME, Hewamadduma C, Norwood F, Hill M, Leite M, et al. Association of British Neurologists (ABN) autoimmune myasthenia gravis management guidelines (2025 update). Pract Neurol. 2025;25:422-37.
Evoli A, Antonini G, Antozzi C, DiMuzio A, Habetswallner F, Iani C, et al. Italian recommendations for the diagnosis and treatment of myasthenia gravis. Neurol Sci. 2019;40:1111-24.
Murai H, Utsugisawa K, Motomura M, Imai T, Uzawa A, Suzuki S. The Japanese clinical guidelines 2022 for myasthenia gravis and Lambert-Eaton myasthenic syndrome. Clin Exp Neuroimmunol. 2023;14:19-27.
Skeie GO, Apostolski S, Evoli A, Gilhus NE, Illa I, Harms L, et al. Guidelines for treatment of autoimmune neuromuscular transmission disorders. Eur J Neurol. 2010;17:893-902.
Sanders DB, Wolfe GI, Benatar M, Evoli A, Gilhus NE, Illa I, et al. International consensus guidance for management of myasthenia gravis: executive summary. Neurology. 2016;87:419-25.
Narayanaswami P, Sanders DB, Wolfe G, Benatar M, Cea G, Evoli A, et al. International consensus guidance for management of myasthenia gravis: 2020 Update. Neurology. 2021;96:114-22.
Fitch K, Bernstein SJ, Aguilar MD, Burnand B, LaCalle JR, Lázaro P, et al. The RAND/UCLA appropriateness method user’s manual. [cited 2023 Sep 10]. Available from: rand.org/pubs/monograph_reports/MR1269.html.
Jaretzki A 3rd, Barohn RJ, Ernstoff RM, Kaminski HJ, Keesey JC, Penn AS, et al. Myasthenia gravis: recommendations for clinical research standards. Task Force of the Medical Scientific Advisory Board of the Myasthenia Gravis Foundation of America. Neurology. 2000;55:16-23.
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Acta Médica Portuguesa

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons

