Competências Abordadas no Curso de Medicina: Perceção de Internos de Formação Geral e Específica
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.23368Palavras-chave:
Competência Clínica, Educação Baseada em Competências, Educação Médica, Internato e Residência, PortugalResumo
Introdução: A educação médica deve adaptar-se às necessidades da sociedade, garantindo que as competências adquiridas pelos alunos correspondem às percecionadas como necessárias a uma atividade médica de qualidade. Pretendeu-se avaliar as perceções de médicos internos formados entre 2020/21 a 2022/23 na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, atualmente a desempenhar funções como internos de formação geral ou específica, relativamente às competências adquiridas durante o curso. Secundariamente, pretendeu-se avaliar as disparidades entre as diferentes fases da carreira médica.
Métodos: Aplicámos um questionário online (escala de Likert de 5 pontos) constituído por cinco subtemas: competências gerais, capacidades práticas, prestação no serviço de urgência, capacidades de comunicação e valores e atitudes. Realizámos estatística descritiva e inferencial.
Resultados: Obtivemos uma amostra de 381 participantes (193 médicos de formação geral e 188 de formação específica). As competências com melhor avaliação incluíram a ética médica, abordagem holística do doente, anamnese e comunicação. As competências percecionadas negativamente englobaram os procedimentos técnicos, gestão e prescrição terapêutica, orientação social dos doentes, cuidados paliativos, capacidade de liderança e conhecimento sobre a organização do Serviço Nacional de Saúde. Observámos diferenças entre as várias fases da carreira médica, nomeadamente na resolução de problemas e criatividade, prescrição, liderança e gestão de situações de pressão.
Conclusão: Estes resultados reforçam a necessidade de reestruturar a formação com mais treino prático e desenvolvimento de competências não-técnicas, para melhor preparar os futuros médicos face aos desafios clínicos atuais.
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