ECMO em Recém-nascidos com Hérnia Diafragmática Congénita: A Experiência de um Centro de Referência de ECMO em Portugal

Autores

  • Mariana Miranda Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa. Serviço de Pediatria. Departamento da Mulher e Criança. Hospital Espírito Santo de Évora. Évora. https://orcid.org/0000-0003-3831-8973
  • Francisco Abecasis Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa. https://orcid.org/0000-0002-1883-050X
  • Sofia Almeida Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • Erica Torres Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • Leonor Boto Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • Cristina Camilo Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • José Pedro Neves Serviço de Cirurgia Cardiotorácica. Hospital de Santa Cruz. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa.
  • Miguel Abecasis Serviço de Cirurgia Cardiotorácica. Hospital de Santa Cruz. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa.
  • Miroslava Gonçalves Serviço de Cirurgia Pediátrica. Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • Carlos Moniz Serviço de Neonatologia. Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.
  • Marisa Vieira Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.13075

Palavras-chave:

Hérnias Diafragmáticas Congénitas, Oxigenação por Membrana Extracorporal, Portugal, Recém-Nascido

Resumo

Introdução: A utilização de oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) é considerada por muitos autores como um dos maisimportantes avanços tecnológicos nos cuidados de recém-nascidos com hérnia diafragmática congénita. O principal objetivo deste estudo foi reportar a experiência de um centro de oxigenação por membrana extracorporal português no tratamento de hérnia diafragmática congénita.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo descritivo dos recém-nascidos com hérnia diafragmática congénita com necessidade de suporte de ECMO, numa unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos de janeiro de 2012 a dezembro de 2019. Colheita de dados com recurso ao registo da Extracorporeal Life Support Organization e registo da unidade.
Resultados: Incluídos 14 recém-nascidos, todos com hérnia diafragmática congénita esquerda, num total de 15 ciclos de ECMO veno-arterial. Mediana de idade gestacional de 38 semanas e de peso ao nascer de 2,950 kg. A correção cirúrgica foi realizada antes da entrada em ECMO em seis, durante em sete e após ciclo em um caso. A mediana de idade de colocação foi de 3,3 dias e a média de duração do ciclo foi de 16 dias. Previamente à ECMO, todos os recém-nascidos apresentavam hipoxemia e acidose grave apesar de suporte ventilatório otimizado, com terapêutica com oxido nítrico e inotrópicos. Após 24 horas em ECMO, verificou-se correção de acidose, melhoria de oxigenação e estado hemodinâmico. Todos os ciclos apresentaram complicações mecânicas, sendo a mais frequente a presença de coágulos no circuito. As complicações fisiológicas mais frequentes foram as hemorrágicas e embólicas (três recém-nascidos sofreram acidente vascular cerebral isquémico durante o ciclo). Cinco crianças (35,7%) morreram, estando todos os casos associados a complicações (duas com acidente vascular cerebral, duas com hemorragia maciça e uma descanulação acidental). A doença pulmonar crónica, má progressão ponderal e atraso do desenvolvimento psicomotor foram as morbilidades a longo prazo mais frequentes.
Discussão: Apesar dos avanços tecnológicos nos cuidados respiratórios e melhoria da segurança da técnica ECMO, o manuseamento destes recém-nascidos é complexo e existem ainda várias questões em aberto, incluindo a selecção apropriada dos doentes, amelhor abordagem e tempo de correcção cirúrgica, e o tratamento da hipertensão pulmonar na presença de shunts fetais persistentes.
Conclusão: A taxa de sobrevivência foi superior à reportada no relatório da Extracorporeal Life Support Organization de 2017 (64% vs 50%). As complicações mecânicas e hemorrágicas foram muito prevalentes.

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Biografias Autor

Mariana Miranda, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa. Serviço de Pediatria. Departamento da Mulher e Criança. Hospital Espírito Santo de Évora. Évora.

Interno de Formação Específica de Pediatra, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos

Francisco Abecasis, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Assitente hospitalar na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Sofia Almeida, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Assitente hospitalar na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Erica Torres, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Assitente hospitalar na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Leonor Boto, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Assitente hospitalar na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Cristina Camilo, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Assitente hospitalar na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

José Pedro Neves, Serviço de Cirurgia Cardiotorácica. Hospital de Santa Cruz. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa.

Cirurgião cardiotóracico do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa, Portugal;

Miguel Abecasis, Serviço de Cirurgia Cardiotorácica. Hospital de Santa Cruz. Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa.

Cirurgião cardiotóracico e Director do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, Hospital de Santa Cruz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. Lisboa, Portugal;

Miroslava Gonçalves, Serviço de Cirurgia Pediátrica. Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Directora do Serviço de Cirurgia Pediátrica, Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Carlos Moniz, Serviço de Neonatologia. Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Ex-Director do Serviço de Neonatologia, Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal;

Marisa Vieira, Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa.

Coordenadora da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Serviço de Pediatria Médica do Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, EPE. Lisboa, Portugal

Publicado

2020-12-02

Como Citar

1.
Miranda M, Abecasis F, Almeida S, Torres E, Boto L, Camilo C, Neves JP, Abecasis M, Gonçalves M, Moniz C, Vieira M. ECMO em Recém-nascidos com Hérnia Diafragmática Congénita: A Experiência de um Centro de Referência de ECMO em Portugal. Acta Med Port [Internet]. 2 de Dezembro de 2020 [citado 19 de Maio de 2024];33(12):819-27. Disponível em: https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/13075

Edição

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