Complicações da Transplantação Renal em Idade Pediátrica

Autores

  • Cristina Gonçalves Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Ana Rita Sandes Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Sara Azevedo Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Rosário Stone Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Margarida Almeida Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.114

Resumo

Introdução: A transplantação renal é a terapêutica de eleição na criança com doença renal crónica terminal, evidenciando impacto positivo na sobrevida e qualidade de vida dos doentes. Não é, no entanto, isenta de complicações, algumas com importante morbilidade. Os autores pretendem caracterizar o perfil de complicações pós transplantação renal em doentes pediátricos (até 18 anos).
Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a transplantação renal e seguidos na Unidade de Nefrologia Pediátrica entre Setembro de 1995 e Agosto de 2010. Dados obtidos dos processos clínicos: características demográficas, etiologia da doença renal crónica terminal, terapêutica de substituição renal, mortalidade e perda de enxertos, complicações cirúrgicas, infecciosas e não infecciosas (rejeição aguda e crónica, recidiva da doença de base, alterações metabólicas e factores de risco cardiovascular). Análise estatística descritiva simples.
Resultados: Foram incluídas 78 crianças transplantadas (48,7% sexo masculino), com idade mediana à data da transplantação
renal de 12 anos (2 - 18). A maioria fez previamente diálise peritoneal: 49 (62,6%). Cinco doentes (6,4%) foram transplantados sem diálise prévia. A mediana do tempo de seguimento após transplante foi 37,5 meses (1 - 169). As principais etiologias de doença renal crónica terminal foram: uronefropatias (41%) e glomerulopatias (28,2%). As complicações infecciosas ocorreram em 74,4%; infecções
virais em 56,4%, sendo a mais prevalente a infecção citomegalovírus (39,7%); infecções bacterianas em 53,8% (na maioria infecções urinárias em doentes urológicos). Outras complicações: 1) factores de risco para doença cardiovascular: hipertensão arterial em 85,9%; dislipidémia em 16,7% e diabetes de novo em 7,7%; 2) episódios de rejeição aguda em 32,1% e nefropatia crónica do enxerto em 17,9%; 3) complicações relacionáveis com a cirurgia em 16,7%. No primeiro mês após transplantação renal as complicações mais
frequentes foram as infecções bacterianas que ocorreram em 15,4% dos doentes e as complicações associadas à cirurgia que ocorreram em 11,5%; entre 1º e 6º mês prevaleceram as infecções bacterianas (em 34,6%) e virais (em 17,9%) e a partir do sexto mês os factores de risco cardiovascular (hipertensão arterial em 85,9% e dislipidémia em 16,7%). Registou-se um óbito.
Conclusões: As infecções mais frequentes foram as virais, nomeadamente a infecção citomegalovírus. A disfunção aguda do enxerto permanece uma complicação frequente. Com a evolução de novas estratégias diagnósticas, profilácticas e terapêuticas, assistiu-se a emergência de novas morbilidades, nomeadamente os factores de risco cardiovascular.

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Biografias Autor

Cristina Gonçalves, Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

Ana Rita Sandes, Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

Sara Azevedo, Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

Rosário Stone, Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

Margarida Almeida, Departamento de Pediatria. Hospital Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

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Publicado

2013-10-31

Como Citar

1.
Gonçalves C, Sandes AR, Azevedo S, Stone R, Almeida M. Complicações da Transplantação Renal em Idade Pediátrica. Acta Med Port [Internet]. 31 de Outubro de 2013 [citado 17 de Maio de 2024];26(5):517-22. Disponível em: https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/114