REDES SOCIAIS
Revista Científica da Ordem dos Médicos
Os programas de rastreio populacional permitem a deteção precoce de doenças, contribuindo para a redução da morbilidade e custos. Contudo, à medida que ganham escala, o enorme volume e heterogeneidade dos dados exigem soluções digitais robustas. Este artigo de revisão narrativa oferece um enquadramento pragmático para a aplicação de big data em rastreios, adaptado às práticas clínicas e de gestão com foco na integração eficaz nos fluxos de trabalho. A utilização eficaz dos dados inicia-se com o seu arquivo sistemático em plataformas de armazenamento na nuvem, seguras e em conformidade com as normas regulamentares, capazes de preservar múltiplos formatos de informação e garantir a acessibilidade a longo prazo. O processamento em tempo real possibilita decisões céleres sobre convocatórias, confirmação de diagnósticos e triagem subsequente, mantendo a capacidade de resposta dos serviços. Os processos de extração-transformação-carregamento normalizam dados provenientes de sistemas heterogéneos, assegurando consistência semântica e interoperabilidade. Esta normalização suporta a integração de registos clínicos, laboratoriais e administrativos em repositórios analíticos digitais que se encontram centralizados, permitindo uma visão longitudinal do percurso do utente. Com esta infraestrutura, é possível agilizar técnicas de mineração de dados e de modelação preditiva que ajudam a identificar indivíduos de maior risco, antecipar picos de afluência e identificar barreiras operacionais. Estes dados apoiam a alocação de recursos e o redesenho de processos, contribuindo para ganhos de eficiência e equidade. O recurso a ferramentas de visualização interativas traduz informação complexa em relatórios dinâmicos intuitivos, facilitando a monitorização contínua de indicadores e a tomada de decisões baseadas na evidência. Persistem desafios de governação de dados, financiamento e capacitação, exigindo políticas claras, formação contínua e mecanismos de auditoria regular a estes sistemas digitais. Este artigo ilustra estes conceitos através de exemplos concretos do programa de rastreio do cancro colorretal na região Norte de Portugal. Os investimentos sustentados em infraestrutura digital, formação profissional e governação de dados são essenciais para assegurar a sustentabilidade e o impacto operacional destes programas. Esta revisão oferece orientações práticas para apoiar profissionais de saúde na adoção eficaz de análises de big data em iniciativas de prevenção.
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