Doença Hepática Não-Alcoólica e Síndrome Metabólica Contínua em Adolescentes com Excesso de Peso/Obesidade

Introdução: A doença hepática não alcoólica é a principal causa de doença hepática crónica pediátrica. Embora intimamente associada à obesidade, a relação desta patologia com a síndrome metabólica em idade pediátrica não está totalmente esclarecida. O principal objetivo deste estudo foi explorar a associação entre a doença hepática não alcoólica e uma agregação de fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes com excesso de peso/obesidade, usando um score de síndrome metabólica pediátrica (PsiMS) para discriminar síndrome metabólica.
Métodos: Foi realizado um estudo de coorte retrospetivo, incluindo adolescentes (10 - 17 anos) com excesso de peso/obesidade, seguidos em dois centros clínicos em Portugal (2018 - 2021). A associação independente entre a doença hepática não alcoólica e o PsiMS, e de outros potenciais preditores, foi avaliada com análise de regressão linear múltipla. O ponto-de-corte ideal do PsiMS para prever síndrome metabólica foi estimado pela análise da curva de características receptor-operador.
Resultados: Foram incluídos 84 adolescentes (idade mediana no início do estudo 11,5 anos). A prevalência de doença hepática não alcoólica foi 51% e a prevalência de síndrome metabólica foi 7%. O PsiMS médio foi 2,05 ± 0,48 na primeira avaliação e 2,11 ± 0,52 na última avaliação (tempo médio de follow-up 15 meses). O grupo com doença hepática não alcoólica apresentava um peso, z-score do índice de massa corporal e percentil do perímetro abdominal significativamente (p < 0,05) superiores, e maior proporção de obesidade grave (p < 0,05). O PsiMS foi preciso na previsão de síndrome metabólica (área abaixo da curva = 0,96), com o ponto-de-corte de 2,46 (sensibilidade 100%, especificidade 89%). Na análise univariada, não se observou uma associação estatisticamente significativa entre a doença hepática não alcoólica e o PsiMS. Na regressão linear múltipla, o sexo feminino apresentou uma associação negativa com o PsiMS (primeira e última avaliação). Os preditores independentes de um PsiMS mais elevado na primeira avaliação foram: ≥ 2 critérios de síndrome metabólica, z-score do índice de massa corporal, insulinorresistência e dislipidemia. Na última avaliação a
doença hepática não alcoólica, o PsiMS inicial e o aumento do e do índice de massa corporal associaram-se a um score mais elevado.
Conclusão: Os resultados sugerem um bom perfil do PsiMS para prever síndrome metabólica e que a doença hepática não alcoólica está associada com o PsiMS durante o seguimento.

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