Um Estudo Prospetivo de Doentes com Sintomas Persistentes após Infeção por SARS-CoV-2 Referenciados à Medicina Física e Reabilitação

Introdução: Nova evidência e dados extrapolados de outros coronavírus sugerem que os sintomas e consequências da COVID-19 podem persistir para além da cura. Os objetivos deste estudo foram: avaliar a persistência de sintomas após infeção por SARS-CoV-2 e o seu impacto no condicionamento ao esforço, atividades da vida diária e qualidade-de-vida; estabelecer se a persistência de sintomas condiciona maior incapacidade; e documentar evolução dos vários domínios, após um programa de exercícios domiciliário.

Métodos: Estudo prospetivo, de doentes referenciados à consulta de Medicina Física e de Reabilitação, após infeção por SARS-CoV-2. Foram realizadas avaliações clínicas com questionário de sintomas, o teste 1-Minuto Sentar-e-Levantar (1-MSTS), o questionário EQ-5D e o questionário London Chest Activity Daily Living (LCA-DL), antes e após um programa de exercício domiciliário. 

Resultados: Setenta e quatro pacientes foram incluídos. A maioria (n = 71) foi hospitalizada (média de 19,7 ± 13,4 dias), 51% necessitaram de cuidados intensivos. Na primeira avaliação, realizada 54 dias após instalação de sintomas, a média de repetições no 1-MSL foi de 18,6. A percentagem de LCA-DL foi superior a 28% em 23% dos pacientes. Alterações no EQ-5D estavam presentes em 44% na mobilidade e 44% para ansiedade/depressão. O EQ-5D VAS médio foi de 66,5 de 100. Cinquenta e um (70%) tinham pelo menos um sintoma persistente (Grupo Sintomático), enquanto 22 (30%) eram assintomáticos (Grupo Assintomático). O Grupo Sintomático teve piores resultados médios no 1-MSL (16,8 vs 22,9; p < 0,001), % pontuação LCA-DL, EQ-D5 (7,8 vs 5,7; p < 0,001) e EQ-D5-VAS. Nenhuma das características de paciente, antecedente clínico, característica da doença ou da hospitalização foi significativamente diferente entre os grupos. Todos os pacientes receberam um programa de exercício domiciliário; 47 pacientes integraram um programa de reabilitação adicional ou tiveram alta clínica, pelo que foram excluídos da segunda avaliação. Vinte e sete pacientes foram submetidos a uma segunda avaliação. Na análise emparelhada, o 1-MSL melhorou em 3,4 repetições. O LCA-DL médio, a pontuação média no EQ-5D (7,1 para 6,6) e o EQ-VAS evoluíram favorável e significativamente.

Conclusão: Dois meses após a infeção por SARS-CoV-2, os sintomas persistentes foram frequentes em doentes referenciados para Medicina Física e de Reabilitação. Adicionalmente, a infeção por infeção por SARS-CoV-2, bem como a persistência de sintomas, tiveram impacto negativo na condição física e funcionalidade nas atividades da vida diária e qualidade de vida. Com um plano de exercícios domiciliários implementado, observou-se uma melhoria estatisticamente significativa. O seguimento em Medicina Física e de Reabilitação dos doentes com sintomatologia persistente poderá ser vantajoso.

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